Reportagem Especial – Maíra Mendonça – Jornal A Gazeta
Foto acima: Marcelo Prest – jornal A Gazeta
A Gazeta 09 de setembro de 2015 – Capa
A Gazeta 09 de setembro de 2015 – Página 10
A Gazeta 09 de setembro de 2015 – Página 11
No sobe e desce de quem passa pelo Centro de Vitória, algumas escadarias não só consistem em pontos de acesso à Cidade Alta, como guardam consigo recortes da história do primeiro perímetro urbano ocupado na Capital.Uma memória, que embora registrada por séculos em cada traço arquitetônico, corre o risco de ser diluída aos poucos tanto pela ação do tempo, quanto pela falta de cuidados.
Fundada sobre a antiga Ladeira do Pelourinho – marco da resistência dos capixabas diante da tentativa de invasão de piratas holandeses no século XVII – a conhecida escadaria Maria Ortiz hoje possui partes da estrutura e dos degraus quebrados. Em certos pontos, a pintura amarela e branca, já bastante gasta e encardida, dá lugar às pichações.
A situação é bem próxima a que se observa na escadaria São Diogo, na Praça Costa Pereira, cuja aparência dá a entender que há tempos o não passa por manutenções. Da mesma forma, problemas como falta de pintura, grandes rachaduras e grades enferrujadas podem ser vistos por quem passa em frente à escadaria da Igreja do Carmo, localizada nas ruas Coronel Monjardim e Coutinho Mascarenhas.
“A cidade perde parte da beleza. Com mais reformas, como as da Catedral Metropolitana, as pessoas teriam mais vontade de morar e de visitar aqui”, acredita Sônia Marta Cândido, 59, moradora do Centro.
Para a universitária Emília Menezes, 44, outra moradora da região, não só as escadas, como outros monumentos precisam de mais cuidados, que incluem ainda investimentos em iluminação e limpeza. Por outro lado, ela lembra que certas pessoas também contribuem para a deterioração das construções.
“Alguns tiram até as letras das estátuas. É um absurdo”.
VIADUTO
Roberto Alves Teixeira,58, trabalha em sua loja de frente para o Viaduto Caramuru, construído em 1925 na Rua Caramuru – ladeira que no século XVII levava até o Cais São Francisco. A obra também necessita de reparos, conforme observa o comerciante. Além das pichações, partes da pintura e do reboco estão se soltando, assim como alguns detalhes, que foram quebrados.
“Faz anos que ele está dessa forma. A gente é rico em estrutura, mas não cuida bem. A cidade cresceu, a atenção se voltou para outros setores e o Centro ficou esquecido”, lamenta ele.
OUTRO LADO – SEM PREVISÃO PARA OBRAS
O projeto de revitalização das escadarias do Centro está sendo elaborado na área de orçamentos da Prefeitura de Vitória. A administração informou que depois o plano seguirá para a captação de recursos e que não há previsão para início das obras. A prefeitura acrescenta que já foi concluída a reforma da escadaria Ambrózio Rocha e atualmente a de São Lucas passa pelo processo. Depois, será a vez da escadaria 25 de Abril. Em relação ao Viaduto Caramuru, a administração diz que identificou o problema e elabora ações. Já a Arquidiocese de Vitória informou que existe um projeto de reforma apenas para a igreja e o Colégio do Carmo, não para a escadaria. Devido à crise econômica, tais projetos só serão avaliados no ano que vem.