Jornal A Gazeta
Foto: Marcos Fernandez
Reportagem: Diná Sanchotene
Cantando o Hino Nacional, moradores de Santa Teresa, no Espírito Santo, deram ontem um abraço simbólico em um casarão que a prefeitura da cidade quer derrubar para dar espaço à construção de uma ponte por onde passarão caminhões pesados. Para os moradores, o prédio representa a história daquela que é a primeira colônia italiana do Brasil.
Um dos organizadores do abraço, Marcos Leão, defende que os imóveis do município devem ser tombados pelo Patrimônio Histórico.
“Sem o tombamento, não há como ter controle. Somos contra a demolição do casarão, pois a passagem de caminhões pesados vai danificar ainda mais a estrutura dos prédios localizados próximos ao local. Um deles é feito de estuque”, disse ele.
A arquiteta Priscila Pizziolo da Motta diz que não há um estudo sobre os impactos da construção de uma ponte. Já existe, segundo ela, um projeto para a construção de um contorno para a passagem de caminhões. “É uma incoerência derrubar a casa para a construção de ponte”, disse.
O prefeito Claumir Zamprogno também defende o contornou mas diz que depende da ajuda do governo do Estado para fazer a obra.
Há 30 anos, o então prefeito Waldyr Loureiro quis derrubar o casarão, mas desistiu. Hoje, segundo Waldyr Loureiro Filho, sua família defende a preservação do imóvel. “Antes a cidade vivia da agricultura, mas hoje depende do turismo”, diz.
Para a historiadora e escritora Sandra Gasparini, a parte antiga da cidade deve ser preservada.
A Secretaria de Estado da Cultura recebeu o projeto de demolição da casa, e diz que fará a análise, juntamente com a Câmara de Patrimônio Arquitetônico, Bens Móveis e Acervos do Conselho Estadual de Cultura.
“DECISÃO ESTÁ MANTIDA”, DIZ PREFEITO
O Prefeito de Santa Teresa, Claumir Zamprogno (PSB), diz que mantém a decisão de construir a ponte. Ele promete publicar, nesta semana, no Diário Oficial, o Termo de Utilidade Pública e, em seguida, encaminhar à Câmara de Vereadores o projeto que visa a autorizar a desapropriação do casarão.
Zamprogno diz que a maior parte da população é a favor da derrubada do prédio. “Vereadores se mostram a favor. Moradores e comerciantes também. Quero entregar a ponte no dia 10 de dezembro”, diz.