Soldado virou herói por impedir ataque de mineiros – A Tribuna

18 de maio de 2014

Reportagem de Nilo Tardin, jornal A Tribuna 18 de maio de 2014

Atrás do fogo cerrado de uma metralhadora pesada, um soldado da Polícia Militar capixaba conseguiu impedir o avanço de um batalhão estimado em dois mil homens despachados de Minas Gerais para invadir o Espírito Santo na Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder no Brasil.

Armados até os dentes, os revolucionários mineiros iam rumo ao mar quando foram barrados entre Baixo Guandu (ES) e Aimorés (MG) pela feroz resistência do soldado Aldomário Falcão.

Nascido em Baixo Guandu, o soldado virou herói ao defender sozinho a cidade até a última bala.

Formada por civis e militares mineiros – concentrados em Aimorés no dia 10 de outubro de 1930 –, a Coluna Amaral recebeu ordem de atacar o Espírito Santo.

A intenção era derrubar o governo de Aristeu Aguiar que se opôs ao golpe de estado, conta o advogado Iussif Amin, 82 anos, interessado pela história de Baixo Guandu.

“Todos fugiram. A única defesa foi a reação de Aldomário Falcão. Do alto do morro onde hoje fica a caixa d’água, ele disparou a metralhadora assim que os atacantes despontaram na estrada. Os mineiros revidaram. A munição acabou. Foi surpreendido dentro da trincheira, dominado e morto a golpes de baioneta (espécie de pequena espada que se adapta à ponta do fuzil)”, relatou Iussif.

A história do soldado ficou escondida por quase 50 anos, até ser relembrada pelo coronel Orely Lyrio, 79 anos, que em 1976 inaugurou, com honras militares, o busto em bronze no mesmo local onde Aldomário lutou até a morte.

Na reserva, o coronel Orely lembra com orgulho da solenidade.

“Eu comandava o 2º Batalhão de Nova Venécia, quando fiz uma inspeção em Baixo Guandu e fiquei sabendo da história. Levei todos os oficiais e praças para a cerimônia”, contou.

Mas o praça não estava completamente só, revela o coronel Gelson Loiola, historiador da PM-ES.

Ao revirar boletins da época, Loiola descobriu que Aldomário tinha ao lado o cabo José Augusto de Mendonça, que recarregava as armas – um revólver, um fuzil e uma metralhadora.

“Mendonça tombou atingido na testa e jamais fora lembrado. É preciso reparar essa omissão histórica”, opinou Loiola.

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