José de Anchieta foi sepultado em 1597, na igreja do colégio jesuíta São Tiago, em Vitória, onde ele foi reitor e onde, hoje, funciona o Palácio Anchieta, sede do governo do Espírito Santo. Escavações localizaram o túmulo dele, dentro do prédio, e atualmente o local é aberto para visitação. Os ossos não estão mais lá, mas reza a lenda que o fantasma dele anda pelos corredores e bate as portas mesmo trancadas.
“Tem um quarto, que chama quarto de hóspedes, e é onde eu deixo minha roupa, tomo banho, é o quarto que eu uso. A porta desse quarto não fica fechada! A gente fecha, tranca, e mesmo assim ela abre. Eu já vi a porta abrir! As pessoas falam que também ouvem os passos dele no corredor”, conta a chefe do cerimonial do Palácio Anchieta, Hilda Cabas, que trabalha lá há mais de 30 anos.
Mesmo com os sustos, ela afirma que Anchieta é um ‘fantasma camarada’, que só faz o bem. “O Palácio Anchieta tem mais de 460 anos, se não tiver um fantasma não tem graça. As pessoas brincam que, como eu já estou aqui há tantos anos, quando morrer vou andar pelo palácio com Anchieta”, diz.
Outra história que Dona Hilda conta é dos tempos da infância dela. “Há mais de 80 anos, corria a notícia de que dona Alzira Bley, esposa do interventor do estado Major João Punaro Bley, tinha o hábito de colocar ramos de rosas sobre o túmulo de Anchieta. Nessa época teve um incêndio no palácio e contam que quase tudo foi destruído, mas encontraram as rosas intactas e orvalhadas em cima do túmulo”, diz.
Anchieta foi sepultado em frente ao altar principal da igreja, ao lado de outro padre jesuíta que também foi sepultado ali: Gregório Serrão, amigo de Anchieta. Segundo o historiador Gabriel Bittencourt, em 1610 parte dos ossos de Anchieta foi retirada e enviada para o Colégio da Bahia e, em seguida, para Roma. “Acreditavam que os restos mortais de Anchieta faziam milagres. Pediam parte dos ossos dele para curar enfermos”, conta o historiador.
Um túmulo simbólico foi colocado no local, uma lápide lavrada em pedra Lioz, incrustada de granitos escuros que formam desenhos florísticos de influência oriental, típicos em ornamentos da Renascença. A pedra foi encomendada de Portugal no final do século XVI.
O Palácio recebeu oficialmente o nome de Anchieta em 1945, por meio de um decreto do então governador Jones dos Santos Neves. Ao longo dos anos, o local passou por várias reformas e modificações, mas nos últimos anos uma grande obra de restauração foi realizada, resgatando espaços originais.
Atualmente, os visitantes podem ver tanto a lápide simbólica quanto o túmulo descoberto nas escavações, que foi coberto com vidro. Na sala do túmulo também há um relicário com um pedacinho de um dos ossos de Anchieta, além de um busto do santo, um monumento cívico erguido em 1922.
Há também um afresco representando etapas da vida do padre, como a vocação, o ensino, as viagens e a doença, realizado pelo artista italiano Giuseppe Irlandini, em 1949, e recuperado pelo mesmo artista, em 1969.
Um trecho do poema mais famoso do padre Anchieta, dedicado à Nossa Senhora, o ‘De Beata Virgine Dei Mastre Maria’, conhecido como ‘Poema da Virgem’, que possui mais de cinco mil versos latinos.
Visitação
De quarta a sábado, das 10h às 17h.
Aos domingos, das 10h às 16h.
Agendamento pelo telefone: (27) 3636-1032
e-mail: agendamento@seg.es.gov.br
Endereço: Praça João Clímaco, s/n – Cidade Alta – Centro – Vitória/ES
Fonte: G1/ES – http://migre.me/j4kFp